quinta-feira, julho 26, 2007

Pensamentos à la Strix


# Férias acabando. Alguns mL de sangue a menos pra fazer controle hormonal. Meu cachorro deitado em minhas roupas. Chuiiiiiiiiiiif!
# Por outro lado...

# Dormir até onze e meia. Comer gelatina. Bolinhos de chuva. Chamego da mamãe. Leituras desde muito desejadas. \o/

# Como estou meio filosófica hoje, uma pequena reflexão a respeito do automatismo das frases feitas:

# Uma bela noite, Strix estava conversando com algumas amigas, quando uma delas soltou para a vampirinha:

# "_Aaaah, Strix, não vai me dizer que você não quer seu lugarzinho ao Sol?!"

# Pois é. A vida é dura com quem é mole.

# PS: Tá bom, tá bom. Eu admito. Adaptei essa de uma tirinha do Bram e do Vlad. Mas é que o desenho ficou muuuito tosco. :D

sexta-feira, julho 20, 2007

Dia do amigo!

# Historinha de detetive pra comemorar o dia do amigo... No fim da leitura, vocês entendem... :D
# Bjins!


Um par de brincos e um chaveiro chinês


_Não sei mais o que eu faço, Lucas _Raquel estava desconsolada. _Você sabe o quanto gosto daquele brinco. Ele sobreviveu aos meus descuidos da infância, não quero perdê-lo logo agora e de um jeito tão idiota. É óbvio que alguém roubou enquanto saímos da sala de aula, mas quem? Ninguém viu gente diferente entrando, então deve ser um aluno, mas... É tão inacreditável! Nunca pensei que alguém da nossa sala pudesse fazer dessas coisas.

_É, é meio estranho _Lucas falou, sério. _Dê queixa na polícia.

_Ah, não quero fazê-los perder tempo com um assunto tão banal. O brinco é bonito, mas não é caro. É mais uma questão de honra, mesmo.

_Então, contrate um detetive. Embora eu ainda ache que você deveria procurar a polícia.

_Detetive? Isso existe de verdade?

_Claro que existe! Eu até conheci um veterano de Psicologia que trabalhava como detetive. Ele já se formou, mas acho que continua com esse trabalho.

_Ah, não, o que eu quis dizer é se existem mesmo caras que investigam roubos, assassinatos, desaparecimentos e essas coisas. Sempre imaginei que os detetives de verdade passassem o dia inteiro seguindo pessoas, tirando fotos e gravando conversas.

_É, é o que mais fazem, mas o Lelé investiga qualquer coisa que você peça.

_Lelé?

_Desculpe. Alexandre. É que ele gostava de dizer que quem faz Psicologia é tudo lelé da cuca querendo resolver os próprios problemas psicológicos.

_Como eu contrato ele?

_Se ele não mudou o telefone do escritório, ainda tenho em alguma agenda lá em casa.

_E a consulta é cara?

_Ele só cobra se resolver seu problema. Também é uma questão de honra. E, cá pra nós, nunca o ouvi reclamar que estava sem dinheiro.


_Alexandre Matos, um seu escravo.

Ele curvou-se sorrindo. Raquel ficou sem saber o que dizer. Não sabia bem como esperava que fosse a aparência de um detetive, mas não imaginou que fosse um jovem arruivado e sorridente, com um olhar perspicaz que se tornava malicioso sem aviso.

Aliás, agora que reparava bem, havia suficiente semelhança entre ele e o rapaz que a atendera (ela julgou ser o secretário) para declará-los parentes. Isso e o fato de o escritório ser numa pensão fizeram-na ficar desconfiada de que Alexandre podia não ter problemas de dinheiro, mas bem de vida é que não estava.

_Então, minha cara? Você disse que quer meus serviços para cuidar de um roubo. O que foi roubado? Quando, onde, como? Perdoe-me o afã, mas faz séculos que não tenho nada mais interessante para fazer que cuidar de adolescentes rebeldes e casos de divórcio.

Ela voltou subitamente à realidade e explicou:

_Foi na semana passada. Eu tenho um par de brincos que não são exatamente jóias, mas podem ser confundidos com. Ganhei de presente da minha mãe quando eu tinha seis anos. Na terça, fui pra faculdade com ele. Tirei pra experimentar um dos brincos que uma amiga minha estava vendendo e pus na mochila. Acabei me esquecendo de colocá-lo na orelha de novo. A mochila ficou na minha carteira e saí para comprar alguma coisa na cantina. Quando voltei, quis pôr os brincos e eles não estavam lá. Sei que é uma bobagem completa, que ninguém teria tanto trabalho com uma coisa que pode comprar por trinta reais ou menos, mas ele tem valor afetivo, entende? Minha mãe já morreu e é uma das poucas lembranças que tenho dela. Pelo que pude descobrir, ninguém diferente entrou na sala, então foi um dos meus colegas. Por isso achei que...

_... Não fosse assim tão impossível descobrir o ladrão? Bem, bem, bem, acho que será um prazer.

_Ah, sim. Isso estava no chão da minha carteira. Não sei se quem deixou cair foi o ladrão ou não, mas não estava antes e ninguém reconheceu.

Alexandre pegou o chaveiro com todo o cuidado e observou-o com atenção. Era um chaveiro ordinário de metal, em forma de símbolo chinês, com uma chavinha pendurada. Um rápido brilho passou pelo olhar dele, que se levantou.

_Excelente, menina, excelente! Por favor, anote aqui a sala em que você perdeu, a aula que estava assistindo, a data, o horário, tudo. Aliás, que curso que você está fazendo?

_História.

_Certo. É colega do Lucas, foi o que me disse? Bom sujeito.

_E quanto aos... Aos preços?

_Não se aflija. Prometo-lhe que meus honorários não superarão o preço do brinco, se chegar a tanto. Esse não parece ser um caso dispendioso e a UFMG está a poucos minutos de distância daqui. Volte para casa e relaxe. Manterei você informada.


Raquel nunca imaginou que seria “mantida informada” daquela forma... Na terça-feira, rememorava os fatos do roubo antes que começasse a aula, quando alguém com um buquê de rosas entrou na sala. Perguntou algo a uma menina da porta e se encaminhou para onde Raquel estava.

O que a deixou pasma é que o entregador era ninguém menos que Alexandre, com um boné e uma camisa com um nome de floricultura.

_O que está fazendo aqui? _perguntou ela, entre os dentes.

_Um bico, ué! Quando a gente é muito seletivo com os casos que aceita, tem que fazer grana em outros setores... _riu. _Brincadeira. Só quis conhecer o terreno. Onde vocês estavam conversando?

_Ali _apontou a mesa da professora.

O detetive olhou pensativamente para lá.

_Sei... _suspirou. _Ah, eu queria realmente impressionar você com grandes deduções e feitos quase literários, mas temo que o fim desse caso vá ser simples e algo decepcionante...

_Pra mim, só de você encontrar o brinco, tá bom _Raquel disse, meio sem jeito. _Aliás, já estou achando que pedi demais, isso é, tanta dor de cabeça por nada...

_Trabalhar para uma moça bonita nunca é dor de cabeça, minha cara _ele balançou o indicador com um olhar malicioso. _Já vou indo, tenho trabalho a fazer.

Raquel corou um pouco enquanto ele se afastava. Não tinha notado antes, mas o diabo do detetive tinha um sorriso muito charmoso.


_Que bom que pôde vir! _Alexandre sorriu. _Tenho uma nova peça no caso, não sei se você reconhece isso...

Entregou algo embrulhado em papel de seda a Raquel. Ela soltou um gritinho de satisfação.

_Meu brinco! Mas como...

_Eu não devia contar... _ele suspirou. _Mas você é minha cliente, tem o direito de saber. Eu coloquei o chaveiro nos achados e perdidos e vigiei. Quando o dono veio pegar, apenas pressionei um pouco e ele cedeu.

Raquel emudeceu por alguns instantes.

_Agora que você falou... É tão simples que estou envergonhada de não ter pensado nisso antes!

_Bobagem. Meu trabalho não é fazer deduções mirabolantes do nada, é pensar naquelas coisas simples que todo mundo esquece.

_Mesmo assim, foi um grande trabalho. Quanto devo?

_Nada. Você é que fez o favor de me tirar daquele tédio.

_Mas eu insisto! Depois de toda essa trabalheira...

_Não, não posso te cobrar. Mas, já que insiste... Pode pagar com um favor.

_Diga.

_Será que não me acompanha num jantar hoje há noite? Não queria ir sozinho ao restaurante mais uma noite.

“Por que não?”, ela pensou. Seis meses são tempo o suficiente pra ficar solteira!


_Hoje, oito da noite, Churrasquinho do Manoel. Pode me passar a grana.

_Droga! Como você consegue? Ela já está há seis meses sem encontro!

_Eu disse que se você pegasse alguma coisa dela pra servir de pretexto pra minha entrada ia dar certo. Não fiz Psicologia à toa. Ah, em tempo, Lucão... _atirou um chaveiro para ele _jogue fora esse negócio, não quero destruir amizades.

_Você é o detetive mais imoral que eu conheço, Lelé!

_Imoral por quê? Não cobrei dela, ela terá a melhor noite dos últimos seis meses e ainda vou fazer seu cartaz! Admita: eu sou o cara.

Lucas ficou sem saber o que falar. Jogou fora o chaveiro com símbolo chinês, pensando se contratar Alexandre tinha sido, no fim das contas, um bom negócio.

sábado, julho 14, 2007

Homenagem à sexta, postada no sábado

# Ah, eu sei que já não é mais sexta-feira 13, que são três da manhã de sábado, mas vá lá! Aqui vai um continho pra homenagear a data, estrelado por uma assombração que dá um azar danado. :D


A preocupação de Strix


Strix se entregou ao prazer de seu hábito mais abominável (pelo menos na opinião de seus amigos humanos): lustrar os longos caninos com um fio dental. Além da sugestão de que ela estava se preparando pra usá-los, tinha o barulhinho irritante.

Naquela noite, porém, teve que se interromper ao ver uma cena preocupante: Serena com o vidrinho de aspirina na mão.

_Serena! Pára com esse vício! Você não pode tomar aspirina todo dia! É inadmissível!

Serena largou o comprimido, emocionada.

_Você diz isso por que automedicação é uma coisa perigosa? Ou por que o consumo prolongado de uma droga tem conseqüências imprevisíveis? Puxa, você se preocupa mesmo com minha saúde, né?

_Claro _ela sorriu e passou o dedo pelo pescoço da amiga, piscando o olho. _E aspirina demais raleia o sangue.

_STRIX!

sábado, julho 07, 2007

Cara! Não é que eu ainda não tinha postado?!

# Olhando agora as postagens anteriores... Só agora vi que não postei nenhum dos contos que criei para a Arena Literária (uma seção do RPG-X, link ali do lado). Tsc, tsc, que coisa mais feia... E logo eles que são os menorezinhos! Portanto, aí vai um conto que é uma reedição de outro, mais antigo. Tem mais suspense e (espero) está menos confuso. A única diferença gritante foi o acréscimo do Dr. Oswaldo para deixar as coisas mais claras.
#
# [Momento stress]
# Ai, tô doida pras férias começarem de vez! Ainda não consegui relaxar sem as malditas notas de Físico-Química!
# [Fim do momento stress]
#
# Bjins!

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Os Arquivos do Dr. Oswaldo
Arquivo 013: o caso da décima terceira vítima

Escolhi essa história por me parecer a mais adequada para ser arquivada como 13. Somente muito tempo mais tarde foi que um paranormal que conheci, ao visitar aquele lugar, teria uma visão parcial dos fatos que se sucederam, fatos que narrarei logo a seguir, talvez com alguma fantasia. Mas não creio ser uma fantasia assim tão longe da realidade.


***


Já passava da meia-noite. O vigia levantou-se de seu posto e, conscienciosamente, passou a checar se todos os laboratórios estavam trancados. Professores e universitários eram criaturas muito sujeitas ao esquecimento.

O clima na Universidade não era dos melhores. Nos últimos meses, universitários, professores e funcionários desapareciam em uma noite para serem encontrados no outro dia, dessangrados e com o pescoço estraçalhado. Cada vez mais era evitado o perambular pelo campus depois que escurecia. Já se tinham ido doze vítimas, uma por semana.

O vigia sentia um clima pesado aquela noite, uma ameaça que pairava sobre sua cabeça. Aquele estado de nervos fez seu coração gelar quando ouviu barulhos vindos de um laboratório escuro. Segurou sua arma com força e se aproximou passo a passo. A luz do corredor iluminava alguns quadrados brancos do chão, e nada mais. Um vulto branco deslizou lá dentro. Cheio de determinação, o vigia brandiu o revólver.

_Quem está aí?

_Mil desculpas, senhor _um homem disse, surgindo do nada para a claridade dos quadrados brancos, mas sem permitir que a luz incidisse sobre seu rosto. _Acabei ficando até mais tarde no meu experimento. É sobre compostos fluorescentes; só posso estudá-los em boas condições à noite.

_Eu é que peço desculpas _o vigia sorriu, aliviado. _Ando meio nervoso com todas essas mortes.

_Todos nós estamos _concordou o professor.

_Não quer ir à sala dos funcionários tomar um café? Ficar sozinho deixa a gente um pouco paranóico.

_Adoraria.


Perfeito, simplesmente perfeito! Ele já estava preocupado com aquela diminuição do número de pessoas no campus à noite. Claro que seria arriscado matar um funcionário de seu departamento, mas não era a primeira vez e o caso era desesperado. Além do mais, ele saberia encobrir seu rastro.


A sala dos funcionários era muito velha. Vez por outra, pedaços de madeira do teto balançavam ameaçadoramente, sugerindo que poderiam cair a qualquer momento e fazer estrago com suas pontas afiadas.

O vigia e o professor sentaram-se na mesa carunchada e se serviram do café morno e forte. Ficaram em silêncio, contemplando a xícara, até que o vigia arriscou:

_Tá quente esses dias, né?

_É.

O “É” foi dito em tom de ponto final, criando um novo silêncio. O professor voltou outra vez o olhar para o líquido negro em suas pequenas revoluções, enquanto o vigia contemplava-o atentamente, achando que havia algo errado naquela face. Decidiu tentar de novo.

_Sua mulher não liga de o senhor trabalhar até tarde, não, professor?

_Minha mulher e meus filhos estão mortos. _Ele crispou levemente as mãos e encarou o interlocutor com um olhar dolorido e repreensivo. _Mortos por minha culpa.

O vigia se engasgou, corando.

_Oh! Eu... Desculpe. Não queria...

_Esqueça _suspirou e desviou o olhar. _Fatos passados... Coisas que não se pode mudar... É preciso resignar-se. _Mas ainda havia uma dor muito profunda no rosto do professor.


Droga! Por que aquele homem havia de lembrar-lhe de sua família, que ele próprio assassinou para saciar sua primeira necessidade de sangue? Essa vítima teria que sofrer!


A conversa não mais progrediu. Beberam o restante do café com solenidade. Terminando, por tácito acordo, os dois se levantaram.

_Muito obrigado pela companhia, professor.

_E o senhor, muito obrigado pelo café.

O professor parou à porta e ficou hesitando, como se quisesse dizer algo. O vigia se aproximou, solícito.


“É agora.”

Ele revelou-se à vítima, que se encolheu contra uma parede, resignada. Se não estivesse tão cego de sede e dor, teria estranhado a reação. Mas tudo em que conseguia pensar era em saltar sobre aquele pescoço, em obter o precioso líquido vermelho e quente.

No meio do salto, porém, ele reconheceu aquele homem. Mas já era tarde. O homem desvaneceu-se diante de seus olhos, com um sorriso de profunda satisfação. Ao invés de um corpo humano, o que o assassino atingiu foi a parede.

Um estalo de madeira partida, um gemido abafado.

É o fim.


***

Cheguei ao Departamento de Química pela manhã. Estava ali para tranqüilizar uma amiga que achava que tudo era obra de um doente mental. Não que eu soubesse ao certo em que um psiquiatra pudesse ser útil na perseguição de um serial killer.
O inspetor já me conhecia, é claro. É minha sina. Aparentemente, havia mais uma vítima, um homem com um pedaço de madeira que varava o corpo na altura do coração. Era um pedaço de uma viga do teto. A polícia estava perplexa com a incrível contorção facial de medo do morto.

“Não tivemos dificuldade de identificá-lo. Era o vigia do departamento. Já é o 13° morto desde aquele professor, do Departamento de Química também. Aquele que perdeu a família num acidente quando visitavam o laboratório dele.”

Assenti. Bastou um rápido exame para que eu suspeitasse da verdade. Perguntei se o vigia tinha algum lugar no campus onde pudesse guardar seus pertences. O inspetor mostrou-me uma gaveta de arquivo trancada. A um pedido meu, foi arrombada e seu conteúdo mostrou a justeza de minhas suspeitas. Eram roupas e uma caneca, todos sujos de sangue.

“Vampirismo”, eu disse, lacônico. “Um distúrbio mental em que a pessoa começa a achar que sorver o sangue de outras pessoas lhe trará poder e juventude. A velha história do ‘sangue é vida’. O quadro, se não controlado, passa do patético para o dramático, do dramático para o terrível, com muita facilidade.”

O inspetor ficou um longo tempo em silêncio.

“Como o senhor adivinhou?”

“Adivinhar não é bem o termo. Confesso que não segui indícios; a combinação entre mortes por pescoços rasgados e um homem morto com um pedaço de madeira no coração formou uma associação de idéias difícil de combater.”

“Não deixa de ser um ponto de vista... Suponho que a vítima que ele tinha em vista conseguiu se apoderar de um desses pedaços de madeira caídos do teto e golpeou-o em legítima defesa. Mas talvez nunca venhamos a saber.”

“Talvez.”