sexta-feira, setembro 15, 2006

Depois de ter perdido a senha... A volta à vida!

# Olá!! Perdi a senha do blog a alguns meses e só recentemente consegui recuperá-la. Para compensá-los, um pequeno texto de ficção científica. Ele foi feito na oitava série. Era para ser uma redação em dupla, meu amigo e eu chegamos a definir o esqueleto do texto, mas cada um escreveu um texto com um fundo diferente. Espero que apreciem. :)


KSJ


# Em sua própria casa, Kevin Stanvitch, grande especialista em robótica, termina sua maior descoberta.

# Era um sábado e JK entrou sorrateiramente em sua casa. No seu quarto, escondeu o skate e o capacete. Tirou um lenço que cobria seu rosto e trocou os óculos escuros por grossos “fundos de garrafa”. Kevin Stanvitch Júnior seguia as pegadas de seu pai e, apesar da pouca idade, já estava em vias de se tornar autoridade em robótica também. Tinha até medo do que poderia acontecer se alguém soubesse que ele acabara de ganhar um campeonato de skate.
# Procurou seu pai pela casa toda, sem sucesso. “Bem” pensou “só falta o ‘laboratório’”. O “laboratório” era o porão da casa, onde ficavam toneladas de anotações e alguns ensaios de invenções que o Stanvitch pai fazia por conta própria. Lá, só estavam a cadeira de rodas e as muletas de seu pai. “Ué” pensou de novo “onde ele pode ter ido? Visitar a mamãe?” (Era filho de pais separados) “Não... Como ele foi sem a cadeira e as muletas? Andando?”
# Algo no computador ligado chamou a atenção do garoto. Um programa parecia estar processando um amontoado de letras sem sentido. Quando foi tentar descobrir o que era, o computador brilhou muito forte e Kevin desmaiou.
# Um barulho esquisito o acordou. Ele estava em uma cidade em ruínas. O clima era quente, o Sol, escaldante e várias máquinas pairavam a meio metro do solo. Um deles parou diante de JK e lançou-lhe uma luz, como que o escaneando. Ao terminar, literalmente gritou “impossível, impossível” e entrou em curto com uma pequena explosão. Isso atraiu a atenção dos outros... Bem, dos outro robôs ao redor.
# Ainda sem entender nada, Kevin notou um círculo vermelho sendo projetado em sua testa e uma voz metálica que dizia “Alvo travado!”. Assustado, soltou um grito e começou a correr feito louco. Logo, vinte robôs estavam em seu encalço. Como desgraça pouca é bobagem, o chão cedeu embaixo dele. Tonto, JK observou que estava em um vagão sem rodas, movendo-se rapidamente por eletricidade estática.
# _Aiaiai! _choramingou o rapaz. _O que é que está acontecendo? Onde essa loucura toda vai dar?
# Ao final do trilho, havia algo que lembrou a ele filmes de ficção científica, covil de vilões futuristas e salas de comando de super-heróis. Era uma sala branca, arredondada, onde pessoas vestidas de branco circulavam para lá e para cá, mexendo em máquinas. Um deles, que se aproximara, comentou:
# _Que encrenca, hein?! Quem é você, que faz um robô entrar em curto, foge de vinte e não tem um circuito no corpo?
# _Antes de mais nada, _respondeu Kevin, desconfiado _que loucura é essa de robôs, circuitos no corpo, vagões subterrâneos...? Há poucos minutos, eu estava no porão da minha casa...
#O homem olhou para ele de um jeito curioso.
# _Como assim, que loucura é essa? Nem parece que vive em 3028...
# _3028??!! _exclamou Kevin, fazendo a baba voar. _Ah, não, isso agora já é apelação! Eu estou sonhando, é isso, é o cansaço...
# _Credo, menino, você está me assustando! Vamos começar do começo. Meu nome é Cyril. Qual é o seu, e de onde você vem?
# Acalmado pelo tom brando do homem, JK respondeu devagar:
# _Meu nome é Kevin Stanvitch Júnior e eu estava na minha casa antes de... antes de surgir aqui.
# _Ahn? Agora, você é que está brincando. Kevin Júnior foi um dos pioneiros da tecnologia robótica que usamos hoje e morreu há séculos, antes da terceira guerra mundial, que transformou 60% do planeta em deserto. O descendente mais direto dos Stanvitch hoje é o Richard... _apontou para um menininho escondido atrás de uma máquina, que espiava a conversa.
# Kevin passou a mão pelos cabelos e fechou os olhos, suspirando.
# _Tudo bem. Não tem mais graça. Eu vou acordar. É só um pouquinho de esforço e eu acordo.
# Decidido, Cyril enfiou um cotonete na boca de JK, raspou a bochecha dele suavemente e colocou num aparelho que lembrava um PC de 2002, mas era visivelmente outro tipo de equipamento. Em poucos minutos, ele informou:
# “Análise de DNA concluída: Kevin Stanvitch Júnior, 1987 – 2079”
# Todos no laboratório pararam e ficaram olhando JK de olhos arregalados.
# _Isso é impossível! _o menininho chegou perto de Kevin, esbravejando. _A tecnologia de viagem no tempo é proibida em todo o planeta! C-como você veio parar aqui?!
# Ele não soube responder e apenas conseguiu balançar a cabeça e gaguejar. Seu interesse científico, porém, estava ativo e notou que Richard tinha muito mais peças metálicas do que qualquer um na sala. Perguntou-se por que.


# Foram precisas muitas explicações para Kevin entender. Estava na Terra do ano 3028. A partir das pesquisas da família Stanvitch, foi possível ao homem substituir partes do corpo defeituosas por partes robóticas, e diversos tipos de robôs foram criados.
# É claro que não demorou até que os ricos e os ambiciosos usassem a tecnologia para explorar. A reação da maioria pobre da população veio só em 3000, em uma grande guerra mundial. A natureza, já grandemente debilitada, piorou. Mais da metade da Terra virou deserto. Alguns pobres conseguiram pôr a mão em equipamentos vitais e formavam um grupo subterrâneo de resistência que passava por inúmeras dificuldades. Mas a maior parte da população continuava escravizada, em condições ainda piores. Dr. Cyril, o homem que recepcionara Kevin, era o líder da resistência naquele setor. Richard, genioso e cabeça-dura, era o último a levar o nome Stanvitch.
# O que o Dr. Cyril sugeria era que Kevin voltasse ao passado e, da forma que fosse possível, tentasse alertar as pessoas e amenizasse os problemas futuros. O difícil era pôr essa sugestão em prática, já que, para voltar ou avançar no tempo, a tecnologia era proibida e muito vigiada. Nas ruínas em que JK chegara, porém, deveria haver alguma brecha dessa vigilância, alguma máquina que estivesse criando uma distorção no tempo-espaço. Alguém tinha que ir lá conferir.
# Com toda a coragem de que dispunham, Kevin e Richard se ofereceram. Receberam os equipamentos necessários e algo com o que pudessem se defender. Subiram no vagão que transportara Kevin mais cedo, o coração pesado. No caminho, Richard respondeu a uma pergunta a respeito do século 31.
# _É horrível! Ninguém tem liberdade! As pessoas se enchem de circuitos por qualquer coisinha, e com isso perdem a privacidade, já que todos são conectados a um sistema. Fica cada vez mais difícil separar o que é máquina e o que é homem. Pessoas se apegam a inteligências artificiais, que podem moldar a seu bel-prazer e deixam as inteligências reais de lado... As armas são terríveis e a violência, estratosférica! Já que você vai voltar, faça alguma coisa, por favor! Talvez fosse melhor que isso tudo nem tivesse começado!
# Chegando às ruínas, Richard explicou que aquele lugar, antes da guerra, era o Instituto Stanvitch, o principal centro de pesquisas robóticas do mundo. Até ser bombardeado e destruído, o Instituto pregava que a tecnologia que desenvolvia era para ser usada somente para fins pacíficos. Antes de se tornar o gigante que era na época áurea, o Instituto tinha sido a residência da família Stanvitch por gerações.
# Kevin olhou aquelas ruínas com uma pontada de carinho. Não sabia exatamente por que, mas se sentia particularmente tocado pela visão daqueles restos de muros e de fachada. Era como se fosse um pedaço dele mesmo.
# Se escondendo dos robôs, os garotos percorreram o prédio procurando algo que eles nem mesmo sabiam o que era. Foi Richard quem primeiro detectou uma velha máquina enferrujada que, por algum motivo, estava ligada. Atrás dela, estava um busto de bronze partido que mostrava um homem de olhar triste, pousado no infinito, com as iniciais KSJ. Kevin e Richard se entreolharam por uma fração de segundos, antes que um brilho vindo da máquina ligada ofuscasse os dois. Depois que o brilho sumiu, a máquina desligara sem mais nem menos e Kevin havia sumido. Richard ficou sozinho nas ruínas de seu lar ancestral, torcendo para que, quando acordasse, algo estivesse diferente.


# Em sua casa, JK estava debruçado no teclado do computador de seu pai. Os olhos estavam pesados e cheios de areia. “Eu sabia. Era só um sonho...” Olhou tudo ao redor. Era um refresco aquela paisagem familiar e aconchegante, depois de todos os horrores que seu cérebro produzira nas últimas horas.
# “Tenho que maneirar nos exercícios com o skate.”
# Abriu os arquivos em que estava trabalhando em conjunto com o pai nos últimos meses. Era nada menos que um nervo artificial, que poderia substituir aqueles partidos num acidente, quando a pessoa ficava paraplégica, por exemplo. Quanta gente não poderia dar adeus a cadeiras de rodas, muletas, macas e todo o resto! A começar pelo próprio Dr. Stanvitch, paraplégico desde a infância.
# Será que o futuro seria algo como aquilo que ele vira em seu sonho? Será que ele e seu pai não estavam, sem querer, construindo um futuro de guerra e destruição? Não seria melhor parar com aquilo tudo ali, quando estava no começo?
# Se Kevin apagasse todos os arquivos daquele computador e queimasse todos os papéis daquele “laboratório”, levaria anos até que a pesquisa voltasse ao ponto que estava. Talvez nem voltasse mais. Será que ele devia...?
# Relendo tudo, JK não teve coragem. Eram muitos anos de dedicação, a vida de seu pai. Em troca daquele trabalho, Kevin Stanvitch pai tinha trocado seus melhores anos e seu casamento. E, além disso, o garoto raciocinou com amargura, a Ciência não é feita com pesquisas isoladas. Se os Stanvitch não desenvolvessem aquilo, outros desenvolveriam. E talvez os outros não sustentassem até o fim que aquela tecnologia era para a paz e não para a guerra.


# O Dr. Stanvitch acabava de mostrar em cadeia nacional como recobrara o movimento das pernas graças a circuitos eletrônicos. Ao fundo das fotos do grande cientista, podia-se ver aquele que diziam que seria seu sucessor. Era um garoto de ar melancólico, que, até o fim de seus dias, deveria pedir perdão todas as noites a seus descendentes por não ser capaz de abandonar tudo pelo futuro...