domingo, janeiro 01, 2006

Ó nóis aqui...

É q vc disse q não ia mais falar,# Um blog era só o que estava faltando na minha vida... :P Estou aqui pra corujar mesmo, refletir, colocar pedaços de histórias que nunca terminam quando estou sem assunto, falar das coisas loucas que vem na minha cabeça......... Sabem como é... Estamos no primeiro dia de 2006, espero estar começando bem o ano. Tou esperando a segunda fase do vestibular da UFMG >ai, ai< , mas estou bem porque praticamente já passei em Viçosa.
# Ei, ei: já sei!! Pra estrear, vou pôr um texto com uma polêmica, que é um bom modo de esquentar as coisa. ^_^ É sobre o escândalo político desse ano que passou.
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Sábios Cazuza, George Israel e Nilo Romero.

Brasil

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes d’eu nascer

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta
Estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito
É uma navalha

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram
Pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada
Antes d’eu nascer

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra
Só dizer sim

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Grande pátria
Desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
Não, não vou te trair

Tou cansada dessa crise política. Basta ouvir esse nome e sinto meu estômago revirar. De um lado, gente que dizia que ia combater um monstro e acabou se tornando como o próprio monstro. Do outro, gente que já cansou de usar esquemas similares posando de “consciência da nação”. É enojante! Ultrajante!
Agora, vem o oposição do governo falando em “impeachment” do Lula, convocação de novas eleições, o governo implorando manifestações a seu favor... Bleargh! Todos dizem ter uma solução para os problemas do Brasil e necas!
Chega de direitas que querem o Brasil como está e de esquerdas utópicas e sem planos. Cansei de situacionistas acomodados com a situação reinante, acostumados em ter o poder e conservá-lo a qualquer custo. Cansei de oposicionistas que só reclamam e fingem que é fácil governar um país subdesenvolvido, todo endividado, com dimensões continentais, possuindo ao mesmo tempo uma massa ignorante e uma elite de horizontes curtos, que sempre toma de lavada das multinacionais.
Governar é complicado... De um lado, há um povo precisando de amparo. Do outro, há a elite que é, na verdade, quem tira e põe gente no governo financiando campanhas, movimentando currais eleitorais, escondendo a sujeira por trás de tudo. Não dá para termos um governo esquerdista radical por essas bandas, porque ele cairia mais rápido que o governo Lula. Não dá pra pôr as elites de lado e governar só pra pobre: o governo fica sem base. O povo não se move pra apoiar ou condenar um governante. Há gente que acredita que os caras-pintadas ajudaram efetivamente a derrubar o governo Collor, como há quem acredita em Papai Noel. Quando o povo tirou ou pôs governantes sem que a elite desse seu aval? O povo brasileiro está acostumado a ser uma massa politicamente nula, falando mal ou venerando governantes, mas fazendo corpo mole para participar da política.
Não dá uma coisa ruim no peito constatar essas coisas, uma vontade de gritar “Não, não é assim!”, seguida de uma modorra e um pensamento “Mas o que eu posso fazer, afinal?”. O povo tem a faca e o queijo na mão, mas deixa que um qualquer que faça uma campanha mais bonita e distribua mais santinhos pegue a faca e que os que estão por trás desse qualquer comam o queijo.
Não falo só de Lula, não. Falo de tudo. De todas as eleições, do nível municipal ao nível nacional. Afinal, admita, quantos votam em um candidato que tem três minutos de horário eleitoral por semana, por melhores que sejam as idéias desse candidato? Não dá para conhece-lo com tão pouco tempo, é verdade, mas será que não é isso que obriga os políticos a fazerem alianças escusas para conseguir atenção do público? Ou você tem dinheiro, e muito, ou não consegue uma eleição a nível nacional. E se você, como candidato, tem idéias que irão prejudicar um pouquinho a elite e favorecer os trabalhadores, que vai te apoiar com grana suficiente? Um empresário? Está brincando, não é?
No fundo, apesar de descontente e indignada, sinto pena do Lula e do PT. Não que isso os redima em minha visão, mas é que os atos deles comprovam o que digo. Ou o PT conseguia muito dinheiro, ou continuaria como os outros partidos de esquerda, sem expressão. Claro que isso não justifica a corrupção, mas mostra o quanto é difícil sentir um saborzinho do poder. O PT mostrou ao Brasil, da forma mais difícil e dramática, que não se pode falar mal do governo sem estar diretamente ligado a ele e conhecer sua situação exata: falou, falou, e seguiu a “cartilha FHC”, em grande parte, porque não dava para agir de outro jeito, a “terra” não estava preparada, precisava ser arada, o solo, corrigido e a semente, plantada, para só então fazer algo mais positivo.
Dá vontade de chorar de raiva, não dos 40 ladrões do Congresso, mas de todos nós, que compactuamos com isso! A maior parte dos brasileiros não devolve o troco a mais que recebe, não hesita em passar alguém para trás para ganhar alguma coisa com isso, fala mentira para ganhar credibilidade, não quer ver um real de seu patrimônio retirado para ajudar alguém (diz-se que isso é “coisa do governo”, como se o governo não fosse a expressão do povo)... Os valores monetários são diferentes, mas as atitudes são as mesmas. É. O povo deve ter mesmo o governo que merece. A simbiose fica perfeita: o povo não liga para o governo a menos que a situação fique muuuuuuito ruim, o governo não liga para o povo a menos que a situação fique muuuuuuito ruim. Se bem que as falhas na educação contribuem muito para isso. Mas já estou entrando em outro ponto... Que fica para outra vez.