sábado, junho 30, 2007

Pra rir e relaxar

# Semana de provas chegando = Strix sem tempo pra nada.
# Logo, teremos uma participação especial aqui no Corujando essa semana: Giorgio, um cara que TEM A MANHA quando o negócio é humor. Sou fã especialmente dos contos da Tânia Saginatta, e apresento um que eu simplesmente amei:



Tânia e o SACAMANTECAS


por Giorgio



Inspirado em um conto de Camila Fernandes, Sacamantecas, publicado no Necrozine número 2


– AAAAAAAAAH! CHEEGAAA!

Desde que o pai milionário a presenteara com a editora, Tânia criara a revista Balzaca, um sucesso editorial estrondoso. Milhares de mulheres se identificavam com as frustrações expostas na publicação, seguiam as dicas para espantar e disfarçar a falta de um companheiro carinhoso, repetiam os mantras até acreditarem-se de verdade “solteironas por opção” (um dos slogans do periódico), faziam as simpatias para arrumar namorado e obedeciam à risca as orientações da Balzaca.

Durante anos, Tânia fizera o papel de “irmãzinha mais velha” das mal-amadas do país. Parecia que a revista funcionava para todas, menos para ela. Há um tempão Tânia não sabia mais o que era um beijo, um abraço, um “isso aí mesmo que você pensou”. Naquele mês, a TPM pegava pesado. Sexta-feira, dia de balada, de jeito nenhum ela passaria aquela noite sozinha. Foi a uma boate em um bairro distante do seu, crente que não iriam reconhecê-la.

– Desculpe... Você não é a Tânia?
– Hã?
– Você não é a Tânia Saginatta, editora da Balzaca?
– Eu... sou... é...
Carácoles! Faz um tempão que eu queria te conhecer!

Quem a abordava não poderia receber definição melhor do que “o cover do Antonio Banderas dez anos mais moço”. Jeitão espanhol, cabelo com brilhantina preso num rabo de cavalo, super bem vestido, voz sensual.

– Qué-quer um autógrafo? – perguntou Tânia.
– Eu adoraria... Pena que não tenho um número da Balzaca aqui comigo.

Tânia tomou coragem:

– Engraçado, nunca soube que um homem lia minha revista.
– Leio, sim! Desde os primeiros números. Ah! Que grosseria! – estendeu a mão – Juan Díaz de Garayo.
– Juan Díaz de quê?
– Garayo! Garayo! Na escola viviam me enchendo por causa desse sobrenome. Hoje eu dou risada. Sempre me dizem as mesmas piadas, os mesmos trocadilhos infames...

Enquanto apertavam as mãos, Tânia demorou para soltar. Juan tinha uma conversa boa, mostrava-se inteligente, engraçado, divertido... Algumas horas depois, e sem precisar de um pingo de álcool, os dois se beijavam. As carícias já ficavam mais íntimas e pessoais quando Juan tentava abrir, ao mesmo tempo, a porta de seu apartamento, o zíper de sua calça e a blusa de Tânia. Entraram.

– Ai, ri-ri-ri! Essa noite promete ser do Garayo!

O sósia mais jovem de Antonio Banderas tirou Tânia do chão com uma facilidade inacreditável para alguém que não aparentava ter tanta força (não se esqueçam de que, embora a Balzaca desse dicas de emagrecimento, sua editora passara, há muito, dos cento e vinte quilos) e a atirou sobre o sofá.

– Juan, Juan, por favor, seja gentil! Odeio violência!
– Eu também! O hispânico cravou os dentes no braço avantajado de Tânia. A balzaquiana experimentou uma leve sensação de torpor, seguida de uma ardência estranha. Quis pedir-lhe que parasse, sem conseguir falar. A pressão caía, como se a gordota estivesse perdendo sangue. O rapaz afastou a boca com um estalido. E a editora, que já ia ficando branca, empalideceu ainda mais ao perceber duas perfurações no braço.

– Caceta, Juan! – gritou ela – Cê é um vampiro?
– Sou um sacamantecas.
– E que merda é essa? O que saca-cuecas tem que haver com vampiros?

Não é que haver, é a ver, Tânia! Ah, que falta fazia o revisor da revista nessas horas!

– Sacamantecas, gordinha, é espanhol. Sacar mantecas. “Tirar manteiga”... Gordura! Aposto como uma mal comida como você adoraria ser magra, não?

O murro veio com tamanha rapidez e potência que Juan Garayo voou de ré e caiu de pernas para cima atrás do sofá onde ele e Tânia haviam começado suas “chumbreguices”*.

Ele não deveria ter usado o termo “mal comida”. Agora ficaria inconsciente talvez até o dia seguinte. A mãozinha pesada de Tânia era lendária. Ainda mais com TPM...

Em que loucura se metera? Um vampiro de gorduras? Tânia se sentia num episódio de Arquivo X**. Estendeu o braço direito para apanhar a bolsa. Estranhou. Em seguida, esticou o esquerdo. Comparou os dois e percebeu que seus volumes diferiam.


***

Assim que Juan Sacamantecas do Garayo abriu os olhos, notou que se achava acorrentado. Ainda zonzo, deu com Tânia bem à sua frente, e riu.

– Você acha que essa correntinha vai me deter?
– A correntinha não sei, Saca-panquecas, mas meu sapato sim.

E Tânia meteu um pontapé entre os bagos do vampiro de gorduras. “Mal comida” foi até educado perto dos palavrões que escutou na seqüência. Felizmente para Juan, nenhum daqueles insultos ofendeu a barriguda.

– Já acabou? Quero te fazer uma pergunta. Afinal, que diabos é você?
- Um vampiro de gorduras, já falei! Meu corpo não fabrica o que o seu tem em excesso, daí eu preciso tirar de algum lugar!

– Já tentou dieta de açúcar e carboidrato? Vai comer um mês seguido no McDonald’s pra ver se você não engorda!
– Não é tão fácil! Meu organismo é diferente do seu!
– É. Foi o que eu pensei. Tenho uma proposta pra você.


***

Algumas semanas mais tarde, Tânia se via diante de mais um sucesso em sua vida. Além da notória Balzaca, abrira uma clínica estética que leva seu nome: Tânia’s. A atração principal da casa era o “fitness relâmpago”, intitulado Regime do Garayo. A cada sessão, as clientes perdiam em média cinqüenta quilos. Garayo*** trabalhava tanto que deixara de ter a barriga de tanquinho.

Tânia só não se achava completamente feliz por um único motivo: o movimento na clínica era de tal monta que nem ela, a dona, conseguia um horário com o Sacamantecas...

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* Chumbreguices é como se costumava chamar o ato sexual séculos atrás...

** Trata-se do episódio 2Shy, aqui mal e porcamente traduzido como “Tímido 2” em vez de “Tímido demais”. Mulder e Scully se viam às voltas com um tradutor bem apessoado que se aproximava de obesas solitárias via chats de Internet para matá-las de tanto sugar suas gordurinhas, pois o tecido adiposo era vital para ele.

*** O nome Juan Díaz Garayo foi pego emprestado de um assassino que realmente existiu e levava o apelido de Sacamantecas, visto que lhe são atribuídas as mortes de seis mulheres com o intuito de roubar-lhes as gorduras e vender para fábricas de sebo, e com outras quatro praticou necrofilia. Uma simpatia de pessoa, foi preso aos sessenta anos de idade.

3 comentários:

Tiago disse...

Olá, Strix. Vou ser sincero: de lá para cá os contos do Giorgio perderam o sal.
Sei lá, piadas sem muita graça, as vezes o texto é muito rebuscado... Bem, acho que é isso.
Giorgio, não escrevi isto falando mal do seu trabalho, percebo que se esforça!
Bem, é isso mesmo... estou chato hoje.
- Escriba (Klaus).

Unknown disse...

Olá mocinha,tudo bem?

Gostei por demias do conto,baum d+++
E o avatar que vc desenhou,q lindinho.
Estudando muito né?Tem q ser.
Te adoro e bjaum.

Adriana Rodrigues disse...

# Ah, eu não sei, Escriba, gostei bastante dos últimos que ele mandou. O único que não achei láááá tão legal (mas mesmo assim era bom de ler) foi aquela terceira parte da história do Alvinho.
# Gosto desse humor que a gente ri por dentro. :)

# Pois é, Monsieur Rousseau... Estudar, estudar, estudar! Até que gosto, mas bem que estou feliz com as férias. :D
# Que bom que gostou da carinha da Strix. \o/ Quem olha esse sorrisinho bobo nem imagina o quilate da encrenca... XD

# Bjins aos dois!