quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Eu não devia estar aqui, mas já que estou...

# Estou com trabalho até o talo, mas encontro um tempinho para postar. Infelizmente, só para postar. Estou em dívida com vários blogs, mas acreditem: é por uma boa causa. T_T

# Esse foi um texto que a Rita fez com a Strix. Digam se não ficou muito Strix... =3


BRIAN, O SUJO
Por Rita Maria Felix da Silva


Na cantina da Faculdade de Bela Noite, situada na cidade do mesmo nome, Strix Van Allen estava sentada lendo “Preacher” e sorrindo entre os dentes numa seqüência com o vampiro Cassidy. Terminou uma latinha de suco de tomate e pediu outra.

De repente, porém, entrou Brian Frusher, ou “Brian, o sujo” como Strix o rebatizara tempos atrás. Um tipo que ela realmente odiava. Aprontara um horror com ela, uma brincadeira com uns caçadores de vampiro que quase custara a vida da moça. A vampira havia jurado que ainda se vingaria...

O pior em Brian era a presunção de, não importa o que aprontasse, as pessoas tinham que perdoá-lo, aceitá-lo e continuarem seus amigos. E a maioria, muito boba, concordava com isso. Mas não Strix. Brian puxou uma cadeira e, sem pedir licença, sentou-se a mesma mesa da vampira.

— E aí, “espinhosa”, como vai? — disse ele, pondo o sorriso mais canalha que pôde no rosto.

Strix odiava aquele apelido. Tirou o canudinho da boca e, sem desviar os olhos da revista, respondeu:

— Com a sua chegada, “sujo”, meu dia acaba de ficar péssimo.

— Ah, deixa de besteira— ironizou ele— Sei que sentiu minha falta. Até hoje acho que é doidinha por mim.

— “Sujo”, eu preferiria assar numa praia tropical a ser tocada por você.

Brian gargalhou:

— Ah, “Van Krompf”, a mesma piadista de sempre! E ainda magoada com aquela bobagem? Deixa eu te mostrar uma coisa. Olha só a honra.

“Van Krompf”... Um dos nomes perdidos de Strix. Um dos que ela mais detestava. Brian devia está muito ansioso para morrer ao falar uma coisa dessas.

— Olha aqui — mostrou Brian – e abriu sobre a mesa um saco que ele carregava — a maioria é bugiganga, mas isso aqui é o melhor roubo que já fiz.

Brian era um ladrão, algo que Strix simplesmente abominava (desde que um deles, três séculos atrás, roubou-lhe um pedaço da alma, o mesmo que foi parar na poção de beleza de uma bruxa da Dimensão Omni-reversa).

Strix arregalou-se ao ver uma espada feita a partir de uma liga de aço polinucleado (metal místico valiosíssimo no mercado negro de Bela Noite), em cuja lâmina havia diamantes incrustados e, no cabo, uma rosa desenhada com rubis.

— “Sujo”, sabe o que infernos é isso?

— Claro, “espinhosa”! Vou ficar rico. — e empunhou a espada brincando como se fosse uma criança — é um espada da Irmandade da Rosa, uma seita de guerreiros-feiticeiros-filosófos-assassinos da Dimensão Pentahexadecimal. Consegue imaginar o quanto vale uma coisa dessas?

Strix, ligeira, rememorou o que havia traduzido de um pergaminho pentahexadecimal, um tomo que ela conseguira no contrabando, desde que era um material proibido pela administração da Faculdade de Bela Noite. Rapidamente, fez alguns cálculos mentais e converteu as anotações sobre tempo que constavam ali para as medidas padrão da Faculdade. Brian roubara uma espada da Irmandade da Rosa... Que oportunidade maravilhosa!

— “Brian”, isso aí vale mais do que você pensa. Olha, por favor, me diz há quanto tempo você está com essa espada?

— Ei, por que a “espinhosa” ficou tão gentil de repente?

— Ah, é só curiosidade: me diz vai, e tenta ser bem preciso.

Brian realmente não entendeu, mas ver Strix tão gentil era algo que o surpreendia:

— Três dias... Duas horas e... — olhou para um relógio antigo na parede da cantina — Vinte e três minutos...

Strix olhou para o relógio no pulso e o rosto se encheu de felicidade.

— Ok. Ok. Que ótimo!

— Que alegria toda é essa?

— “Brian”, querido, se fizer só uma coisinha para mim, juro que vou contigo naquela viagem, a mesma pela qual você me atormenta há anos.

—Mesmo? O que foi que houve com você? Strix queria gargalhar, mas se conteve.

— Oh, “Brian”, meu fofo, é muito importante, é uma... Uma fantasia minha... Faz o que vou te pedir...

— Uma fantasia sexual? — indagou Brian enchendo-se de luxúria.

— É... É uma perversão, se você quiser chamar assim. Olha, não solta essa espada, segura-a bem alguns segundos. Só isso e você ganha de mim o que quiser.

— Jura?

— Juro, bobinho.

Strix fixou o olhar no relógio e começou a contar acompanhando o ponteiro. Três dias, duas horas, vinte e três minutos... Vinte e quatro minutos... Um segundo, dois, três, quatro... No décimo - quinto segundo, Brian Frusher e a espada foram dissolvidos numa explosão de luz negra.

Quando o efeito passou, Strix olhava para uma cadeira vazia. Ela sorriu. Um dos garçons, que ia atender um pedido de outra mesa, parou assombrado:

— Strix, o que diabos foi isso?

— Era o cafajeste do Brian, o sujo. Roubou uma espada da Irmandade da Rosa, da Dimensão Pentahexadecimal. Quase ninguém sabe mais essas armas têm um encantamento incorporado: desintegram-se três dias, duas horas, vinte e quatro minutos e quinze segundos depois de roubadas, levando junto quem estiver com elas.

— Mas eu escutei você jurando algo para ele...

— É. Uma mentirinha inocente e justificada. Esse peste me devia uma faz tempo. Agora, me traz outra latinha. Quero comemorar!

FIM

Notas: Dedicado a Adriana Rodrigues, a Strix Van Allen do mundo real. Strix Van Allen e a cidade de Bela Noite são personagens e conceitos da escritora Adriana Rodrigues, que autorizou seu uso para esta história.

2 comentários:

Ramiro Catelan disse...

Hahaha, adorei o texto que a Rita fez com o teu universo, Strix ^^
Muito bom =D
Sou freqüentador assíduo do blog agora, vou comentar sempre que puder...

Beijos

Adriana Rodrigues disse...

# Obrigada, fiote! Volte sempre. =3

# A Rita é demais, mesmo. xD