terça-feira, janeiro 29, 2008

E esse blog renasce das cinzas!

# Já tinha um tempaço que eu não postava, mas foi porque entrei de férias e o Corujando entrou junto. xD Vou tentar não abandonar o pobrezinho do blog de novo. =3

# Estou terminando uma aventura do Eduardinho e do Dani, mas, antes, quero postar esse texto da Rita. Gostei muito dele, e coloco aqui para apreciarem também.


VALÉRIA E VITÓRIA
Por Rita Maria Felix da Silva


Era uma vez duas irmãs, Valéria e Vitória.

Na adolescência, descobriram alguns detalhes sobre elas próprias, o que impulsionou cada uma a seguir seu próprio caminho neste mundo, em parte para provarem uma à outra, mas, acima de tudo, a si mesmas, seus pontos de vista:

Não eram divergências sobre gostos, cores ou religiões. Vitória idolatrava a força, a agressividade, o conflito, o impulso humano de tomar e conquistar tudo ao alcance. Considerava isso a melhor característica da humanidade, a que levaria esta espécie a um paraíso neste planeta, uma terra de fortes, onde os fracos ou se tornariam fortes também ou se curvariam a estes.

Valéria discordava da irmã. Por acreditar na harmonia, na gentileza, na docilidade, advertia que o caminho do conflito e da selvageria terminava numa tragédia.

- E o seu modo? - enfurecia-se Vitória - O que traz no final? Uma terra de ovelhas inúteis, temerosas e fracas, incapazes de alcançar o verdadeiro potencial humano.

Valéria preferia não responder e, com o tempo, desistiu de tentar convencer a irmã. Isto caberia ao destino, não a ela.

Ambas também perceberam que eram imortais, não metafórica, mas literalmente. Custou-lhes acreditar e aceitar isto, mas a realidade não podia ser negada.

Então, conforme foi dito, seguiram cada uma sua própria estrada.

Vitória perseguiu conflitos, guerras, grandes líderes militares, ditadores, presidentes de corporações, e onde houvesse batalha e discórdia, mortes e destruição, lá ia ela, repetindo para si mesma que estava certa. Valéria procurou por sábios e santos, pacificadores e iluminados. Buscou tanta sabedoria quando pôde e, se alguém desejava a paz, a conciliação entre pessoas ou povos, muito provavelmente, ela estaria por perto. Às vezes, ainda orava para que a irmã enxergasse a verdade.

E a vida na Terra seguiu. Porém, os conflitos, a ganância e a discórdia cresceram entre a humanidade e um dia... Bem, um dia o fim do mundo chegou.

Então Valéria reencontrou a irmã, que estava ajoelhada, chorando entre as ruínas. Tocou-lhe o ombro e disse:

- Vitória...

- Você... — disse Vitória irritada e envergonhada — vai zombar agora, não é, gritar que estava certa que meu caminho só podia levar a isso? Pode rir, satisfaça seu ego... Acho que mereço.

Valéria poderia responder uma infinidade de coisas, mas sentiu pena da irmã e a sabedoria em seu coração guiou-lhe para que dissesse exatamente isto:

— De que adiantaria rir de você? Tome minha mão. Levante. Venha comigo. Vou caminhar entre as ruínas, os cadáveres, o fogo e a morte, sob esse céu, agora para sempre escuro, neste mundo morto, respirando um ar mais que poluído e infecto. Quero meditar sobre todo este horror e talvez encontrar algum significado maior. Te convido a me acompanhar. Afinal, vamos passar a eternidade juntas, não é mesmo?

E Vitória enxugou as lágrimas, segurou a mão da irmã, levantou-se e, em silêncio, aceitou o convite. Em respeito à dor da outra, Valéria nada disse.

FIM

Dedicado a Cris Maggot

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem vinda de vota, Strix! Estávamos com saudades! Dá uma passada no off do off vez em quando! Beijão!